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O impacto das mudanças fiscais sobre o setor de tecnologia

O impacto das mudanças fiscais sobre o setor de tecnologia

05/05/2025 - 16:32
Marcos Vinicius
O impacto das mudanças fiscais sobre o setor de tecnologia

A recente aprovação da Reforma Tributária no Brasil representa uma verdadeira mudança de paradigma para o setor de tecnologia. Com novas alíquotas e obrigações acessórias, empresas e profissionais precisarão se adaptar a um cenário mais complexo a partir de 2026.

A transição envolve não apenas cálculos fiscais, mas também decisões estratégicas fundamentais para garantir competitividade e sustentabilidade no mercado interno e externo.

Perfil do Setor de Tecnologia

O setor de tecnologia no Brasil abrange desde pequenas startups até grandes empresas de software e consultorias de TI. Desenvolvedores, programadores e analistas de sistemas compõem a força de trabalho que impulsiona inovações em todas as esferas da economia.

Com bilhões de reais em movimentação anual e forte expansão nas exportações, o segmento se consolida como um dos pilares do desenvolvimento nacional. A busca por soluções ágeis e escaláveis mantém o setor em constante evolução.

Situação Fiscal Atual

Até 2025, as empresas de TI recolhem três tributos principais: ISS, PIS e Cofins, resultando em uma carga média de 8,65% para quem está no Lucro Real ou Presumido. Profissionais PJ no Simples Nacional costumam ter alíquotas ainda menores.

  • ISS (Imposto Sobre Serviços)
  • PIS (Programa de Integração Social)
  • Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social)

As exportações de serviços de TI já gozam de isenção, estímulo essencial para a internacionalização de empresas brasileiras, que conquistam clientes em diversos continentes.

Mudanças Centrais da Reforma Tributária

A partir de 2026, ISS, PIS e Cofins serão substituídos pela Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) e pelo Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), no formato de IVA. Essa alteração visa unificar e simplificar a tributação, mas traz alíquotas significativamente maiores para TI.

  • Alíquota padrão estimada: entre 26,5% e 28%
  • Setores essenciais (saúde, educação) terão redução de alíquota; TI fica de fora
  • Permissão de uso de créditos tributários sobre insumos e despesas operacionais

Esse novo modelo trará elevação brusca da carga tributária para empresas fora do Simples Nacional, exigindo atenção redobrada em planejamento financeiro e fiscal.

Efeitos Diretos e Números do Impacto

Empresas no regime Lucro Real ou Presumido verão sua carga saltar de 8,65% para quase 28%. Startups e pequenas techs podem enfrentar redução drástica na margem operacional, mesmo com o creditamento parcial.

Embora o crédito tributário mitigue a cumulatividade, prestadores de serviços puros — sem grandes aquisições de insumos — dificilmente compensarão totalmente o aumento.

Desafios Operacionais e Sistêmicos

Para atender às novas exigências, será necessário atualizar sistemas de gestão e contabilidade. Os ERPs precisarão suportar novos leiautes de NF-e, com campos para CBS, IBS e o novo Imposto Seletivo.

É fundamental investir na modernização dos sistemas de gestão fiscal e na integração completa entre sistemas e contabilidade para garantir conformidade desde outubro de 2025.

Oportunidades Para o Setor

Apesar dos desafios, surge uma onda de oportunidades. A demanda por tecnologia e inovação deve crescer, especialmente para empresas que oferecem soluções de compliance e automação tributária.

Startups focadas em crédito tributário e integração de dados fiscais podem se beneficiar do cenário de transformação, atendendo a um mercado ávido por eficiência e redução de erros.

Riscos e Desafios

O principal risco é a perda de competitividade em relação a países com regimes tributários mais atrativos. A redução de margem pode levar ao repasse de custos ao cliente final e à dificuldade de expansão internacional.

  • Diminuição da margem de lucro em serviços intensivos
  • Possível repasse de aumento de custos ao consumidor
  • Setor pressiona por alíquotas reduzidas sem sinalização

Recomendações e Ajustes para Empresas

Para enfrentar esse novo cenário, é imprescindível um planejamento estratégico para o aproveitamento máximo dos créditos e a escolha do regime tributário mais vantajoso.

  • Análise detalhada de regimes tributários antes da migração
  • Investimento em sistemas de gestão e automação fiscal
  • necessidade de capacitação fiscal das equipes para evitar multas
  • Monitoramento constante das discussões legislativas

Preparar-se antecipadamente é a chave para transformar dificuldades em oportunidades, garantindo que o setor de tecnologia continue a prosperar e inovar, mesmo diante de um ambiente fiscal desafiador.

Marcos Vinicius

Sobre o Autor: Marcos Vinicius

Marcos Vinicius, 30 anos, é redator no inteligentes.org, com foco em estratégias de crédito e soluções financeiras para iniciantes.