Em 2025, a dinâmica da liquidez internacional vive um momento de tensão que desafia investidores, governos e economias em desenvolvimento. À medida que os principais bancos centrais mantêm políticas cautelosas, pressão significativa sobre ativos de países emergentes se intensifica, exigindo respostas coordenadas e estratégias mais resilientes.
A liquidez global representa a facilidade de financiamento disponível nos mercados internacionais, determinando o fluxo de capitais rumo a ativos de maior ou menor risco. Quando é abundante, as carteiras ficam mais agressivas; quando se contrai, o apetite por segurança domina.
Os bancos centrais, especialmente o Federal Reserve (Fed) e o Banco Central Europeu (BCE), definem o ritmo desses ciclos por meio de cortes ou aumentos de juros, além de programas de compra de ativos. Suas decisões ecoam nos custos de empréstimos, nas taxas de câmbio e nos fluxos de investimento que chegam aos emergentes.
Após cortes significativos no fim de 2024, o Fed optou por manter a taxa estável em 2025 diante da incerteza econômica persistente. Por sua vez, o BCE reduziu a taxa de depósitos para 2,25%, mas suspendeu novos estímulos de liquidez de prazo estendido.
O índice de liquidez global (GLI) apresentou queda notável no início de 2025, impulsionado pelo aumento dos gastos do Treasury General Account (TGA) dos EUA e pelo fim de programas como o TLTRO III. Esse ajuste abrupto alterou a percepção de risco global.
O fim dos grandes programas de liquidez e a postura defensiva dos grandes emissores de moeda explicam por que retirada de liquidez global não retrocedeu aos níveis pré-crise de 2020.
Com a liquidez global resguardada, a fuga de capitais de mercados emergentes para ativos seguros intensifica-se. Títulos do Tesouro americano, moedas fortes e papéis soberanos com menor risco atraem recursos, enquanto ações e dívida de países em desenvolvimento sofrem reprecificação.
O fortalecimento do dólar americano exerce pressão acentuada sobre moedas locais, tornando o financiamento externo mais caro. Bancos centrais de emergentes são forçados a elevar juros internos para conter depreciações cambiais e evitar fuga adicional de capitais.
Cryptomoedas, com correlação elevada ao GLI, sofreram oscilações bruscas em 2025. O Bitcoin, por exemplo, refletiu tanto a falta de liquidez quanto choques internos do setor, ampliando sua volatilidade histórica.
No mercado de renda variável, empresas de setores cíclicos e exportadoras enfrentam custos de capital mais altos. Já em renda fixa, a reprecificação de títulos soberanos e corporativos eleva o custo de financiamento e limita novos projetos.
Diante desse cenário desafiador, várias propostas para reforçar a resiliência de países emergentes ganham força no debate internacional. Entre elas, a criação de novos mecanismos de liquidez via FMI ou por meio de linhas de swap entre bancos centrais.
Esses instrumentos visam reduzir a assimetria entre países emissores de moeda reserva e demais economias, garantindo acesso emergencial a dólares ou euros em momentos de estresse. A coordenação fiscal e monetária global também aparece como passo fundamental.
Para o segundo semestre de 2025, a incerteza persiste. O ciclo de refinanciamento global pode alcançar seu pico, mas a reversão da retração de liquidez depende de resoluções sobre política fiscal nos EUA, ritmo de crescimento global e evolução da inflação.
Em um ambiente de menor liquidez, diversificação inteligente de portfólio torna-se essencial. Alocar parte dos recursos em ativos com baixa correlação ao dólar e manter posições em mercados desenvolvidos pode ajudar a mitigar riscos.
Além disso, a adoção de instrumentos de hedge cambial e o ajuste dinâmico de duration em carteiras de renda fixa oferecem proteção contra movimentos bruscos de taxa e câmbio. Monitorar indicadores de liquidez e política monetária dos principais bancos centrais possibilita decisões mais ágeis.
A retração da liquidez global em 2025 traz à tona a vulnerabilidade dos mercados emergentes a choques externos. A combinação de políticas monetárias restritivas, tensões geopolíticas e fortalecimento do dólar acentua a pressão sobre moedas locais e ativos de risco.
Contudo, a adoção de estratégias de proteção bem definidas e a busca por mecanismos internacionais de suporte podem reduzir o impacto dessa fase. Governos, reguladores e investidores precisam atuar de forma coordenada para construir uma trajetória de recuperação sustentável, evitando que a falta de liquidez se transforme em crise sistêmica.
Referências