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Finanças comportamentais: por que agimos como agimos com o dinheiro

Finanças comportamentais: por que agimos como agimos com o dinheiro

31/08/2025 - 11:10
Felipe Moraes
Finanças comportamentais: por que agimos como agimos com o dinheiro

As finanças comportamentais expandem a forma tradicional de estudar recursos e investimentos, oferecendo insights valiosos sobre nossas escolhas diárias.

Ao observar ações de consumo, poupança e investimento, percebemos padrões que desafiam a lógica pura e simples defendida pela teoria clássica.

Definição e origem das finanças comportamentais

O campo das finanças comportamentais nasceu da colaboração entre diversas disciplinas que buscavam explicar inconsistências observadas no mercado financeiro.

Essa área une áreas interdisciplinares como psicologia e economia, além de incorporar conhecimentos de neurociência, sociologia e antropologia para analisar os determinantes da escolha monetária.

Na economia clássica, baseava-se no conceito de homo economicus, ser perfeitamente racional e autocontrolado, mas crises e bolhas evidenciaram lacunas nesse modelo.

Foi preciso questionar os modelos econômicos clássicos e tradicionais e desenvolver novas teorias que considerassem as falhas de julgamento e as emoções humanas.

Principais vieses cognitivos que influenciam a tomada de decisão

Entender nossos atalhos mentais ajuda a reconhecer escolhas automáticas que nem sempre são as melhores.

Essas heurísticas funcionam como mecanismos de sobrevivência, mas podem distorcer nossa avaliação de risco e oportunidade.

  • Viés de confirmação: prioridade a informações que reforçam crenças.
  • Viés de ancoragem: influência excessiva do primeiro valor recebido.
  • Aversão à perda: medo de perder dinheiro supera a vontade de ganhar.
  • Desconto hiperbólico: preferência por recompensas imediatas em vez de futuras.
  • Efeito manada: tendência a seguir comportamentos coletivos.
  • Custo irrecuperável: insistência em decisões erradas por investimentos já feitos.

Esses vieses decorrem de influências cognitivas e emocionais que atuam simultaneamente, moldando escolhas sem que percebamos.

À medida que reconhecemos cada atalho mental, fica mais fácil adotar hábitos que neutralizem seus efeitos adversos.

O papel das emoções na tomada de decisão financeira

Em situações de alta pressão, sentimentos como medo e ganância podem dominar nosso raciocínio lógico.

O sistema límbico, central para o processamento emocional, frequentemente entra em conflito com o córtex pré-frontal racional.

Momentos de pavor em crises de mercado ilustram como o sistema límbico em desequilíbrio pode gerar vendas precipitadas e prejuízos significativos.

Por outro lado, a ganância estimula decisões arriscadas, reforçada por histórias de lucros rápidos e exemplos de indivíduos que “ficaram ricos da noite para o dia.”

Aplicações práticas e exemplos reais

Vários casos demonstram o impacto das finanças comportamentais no dia a dia de investidores e consumidores.

  • Investidores vendendo ações em pânico durante uma queda brusca do mercado.
  • Compras de impulso induzidas por campanhas publicitárias que exploram desejos imediatos.
  • Persistência em aplicações com baixo desempenho devido ao custo irrecuperável.

Instituições financeiras e fintechs reconhecem esses padrões e desenvolvem estratégias personalizadas de intervenção.

Por exemplo, aplicativos de economia automatizada podem programar transferências periódicas para poupança, contornando o desconto hiperbólico.

Alguns bancos usam pop-ups de alerta quando o cliente ultrapassa limites de gastos, visando reduzir o impacto do viés de confirmação.

Contribuições de pesquisadores e implicações na prática

Pesquisadores como Daniel Kahneman e Richard Thaler foram pioneiros na documentação de heurísticas e vieses.

O trabalho de Kahneman e Tversky, descrito em “Riscos e Incertezas”, mostrou a sistematicidade dos erros de julgamento.

Thaler introduziu o conceito de “nudges”, pequenos empurrões que incentivam comportamentos econômicos mais saudáveis.

Essas teorias comprovam que erros de julgamento sistemáticos e previsíveis podem ser corrigidos com intervenções estratégicas.

Empresas implementam treinamentos de educação financeira, enquanto formuladores de políticas públicas consideram esses insights para regulamentações mais eficazes.

Conclusão: rumo a decisões financeiras mais conscientes

As finanças comportamentais oferecem ferramentas para compreendermos nossas fraquezas e construirmos hábitos mais saudáveis.

Práticas simples, como registrar despesas diárias e revisar metas com frequência, ajudam a combater vieses e emoções desenfreadas.

Ao reconhecer padrões automáticos, podemos adotar escolhas informadas e equilibrar razão e emoção no manejo do dinheiro.

Investir em educação financeira e buscar apoio profissional são passos fundamentais para conquistar segurança e liberdade.

Assim, estaremos mais preparados para enfrentar desafios econômicos e potencializar nosso bem-estar financeiro a longo prazo.

Felipe Moraes

Sobre o Autor: Felipe Moraes

Felipe Moraes, 36 anos, é colunista no inteligentes.org, especializado em planejamento financeiro, crédito pessoal e estratégias de investimentos acessíveis.