Em meio a mais de 20 meses de antecipação eleitoral, operadores e investidores brasileiros já sentem o peso das projeções para 2026 no comportamento dos ativos financeiros. Esta análise aprofunda os principais fatores que impulsionam essa volatilidade crescente no mercado e oferece insights para quem busca decisões mais embasadas e estratégias eficazes de investimento.
O debate em torno das eleições de 2026 ganhou força no primeiro semestre de 2025, quando pesquisas apontaram uma queda acentuada na popularidade do presidente Lula. Em mercados que normalmente se aquecem apenas próximo ao pleito, já vemos movimentos significativos no câmbio e na renda fixa.
Essa antecipação do “trade eleitoral” está associada à percepção de que eventuais mudanças de rumo fiscal e alterações no programa de governo podem alterar substancialmente o prêmio de risco do Brasil, influenciando desde a Selic até a valorização da bolsa.
Pesquisas como as do Datafolha mostraram reduções expressivas no índice de aprovação do governo, fomentando especulações sobre possíveis ajustes populistas ou planos de austeridade. Essas oscilações na confiança política se traduzem em:
Em resposta à crescente instabilidade política, o governo já estuda medidas para ampliar benefícios sociais e concessões para setores críticos. No entanto, há riscos de um aumento expressivo do déficit primário caso não haja contrapartidas fiscais.
A ata recente do Copom deixou claro que, sem sinais mais concretos de ajuste nas contas públicas, a taxa Selic permanecerá em níveis elevados até o próximo ano eleitoral, impactando o custo de crédito e o consumo.
Especialistas recomendam cautela, destacando que as melhores oportunidades podem surgir justamente nos momentos de maior incerteza. Entre as principais táticas, destacam-se:
No entanto, investidores devem evitar apostas concentradas em um único cenário eleitoral, dado que os candidatos e programas ainda não estão definidos.
Para angariar apoio popular, o Executivo avalia alterações na reforma do Imposto de Renda, expansão do programa Minha Casa Minha Vida e até propostas de gratuidade de tarifas de energia. Embora tais medidas possam gerar alívio pontual, elas pressionam o orçamento e elevam incertezas sobre a sustentabilidade fiscal.
O Congresso, por sua vez, já tem Brasília imersa em discussões eleitorais, desviando o foco de reformas estruturais de longo prazo.
O mercado brasileiro não atua isolado. A alta do preço do petróleo e a proximidade das eleições nos EUA reforçam a sensação de uma temporada global de instabilidade política. Investidores estrangeiros, acostumados ao cenário norte-americano, comparam:
Em geral, o Brasil tende a superar outros mercados emergentes quando o barril de petróleo valoriza, mas permanece vulnerável a choques domésticos.
Apesar dos riscos, a bolsa brasileira opera cerca de 28% abaixo da média de valuation dos últimos dez anos, criando janelas de entrada atraentes para investidores com horizonte de médio e longo prazo.
Um possível corte de juros a partir de abril de 2026, projetado pelo UBS, pode servir de catalisador para valorização, mas dependerá do equilíbrio fiscal que se estabelecer até lá.
Mesmo as análises mais otimistas reconhecem um elevado grau de incerteza. As principais vulnerabilidades incluem:
Portanto, quem busca ganhos expressivos deve estar preparado para resistir a perdas pontuais e ajustar posições rapidamente.
As eleições de 2026 já moldam o humor dos mercados brasileiros, demonstrando que, em economia, o tempo político nem sempre coincide com o calendário eleitoral oficial. Saber interpretar sinais antecipados das pesquisas e manter disciplina na gestão de riscos são fatores-chave para navegar neste ambiente turbulento.
Enquanto não houver confirmação das candidaturas e clareza sobre o ajuste fiscal, a volatilidade e o prêmio de risco do Brasil devem permanecer elevados. Ainda assim, oportunidades pontuais podem surgir para quem aliar análise técnica e macroeconômica a uma visão estratégica de médio prazo.
Referências